O "Bule"
GRUPO RECREATIVO DE ESTUDOS DO SAMBA BULE
Reconhecido no cenário musical como Samba do Bule, completou em junho passado, 17 anos de atividades. Além de apresentações musicais, mantém um cordão de carnaval e diversas atividades sociais junto à comunidade bem como instituições do território como Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); Casa do Povo; Centro Cultural Andino Amazônico; são desenvolvidas ao longo do ano.
Com encontros abertos à comunidade, no bairro do Bom Retiro em São Paulo, o grupo é oriundo do Teatro Popular União e Olho Vivo , que desde 1966 atua pela pelo direito à cultura em especial para a população em situação de vulnerabilidade social, contando e cantando a luta de classes e revoltas populares, utilizando técnicas de criação coletiva e realizando troca de experiências nas periferias da capital paulista tendo também participado de diversos festivais nacionais e internacionais tendo inclusive a musicalização do Samba do Bule em seus espetáculos.
O grupo já recebeu em seus encontros, nomes importantes da cultura brasileira como Leci Brandão, Nelson Sargento, Wilson Moreira, Thobias da Vai-Vai, Gisa Nogueira, Selma Candeia, Waldir 59 da Portela, Seo Carlão do Peruche, Edil Pacheco, Geovana, Luis Grande entre outros. O trabalho sempre pautado pela salvaguarda do samba em suas diversas matrizes como samba-enredo, samba-canção, partido-alto, samba de bumbo, fomenta também a permanente composição convidando sempre sambistas das mais variadas regiões do estado de São Paulo para apresentar suas canções.
Durante os encontros, são distribuídos livretos contendo biografia e fotos dos compositores exaltados e cantados, crônicas, reportagens e ilustrações realizadas pelos membros da comunidade sobre o tema, letras de sambas, novas composições e até palavras cruzadas envolvendo o conteúdo.
O “Bule” se apresentou em diversas casas de shows, teatros, sesc´s, eventos realizados pela prefeitura de municípios do estado, Pinacoteca, Fifa Fan Fest no Largo do Anhangabaú e recentemente no 1º Festival Pop Rua.
Ao longo da jornada, foram inúmeras atividades multiculturais realizadas como aulas de dança, oficinas de grafitti, exibições de filmes, apresentações e oficinas de teatro, festas juninas com atividades diversas, rodas de debate com membros das escolas de samba de SP, festival de novas composições, apresentação de grupos tradicionais como maracatu, samba de roda do recôncavo baiano, chorinho, oficina de brinquedos artesanais para crianças e atividades lúdicas-educativas entre tantas outras num processo de estreitamento dos laços com o entorno.
O Bule passa de mãos em mãos nessa roda. A grande bandeira, levantada desde 2007, pelo Samba do Bule na sede do Teatro Popular União e Olho Vivo é cultivar a música brasileira, saudar o samba e os compositores de todo o Brasil que fizeram história e tiveram seu nome gravado na cultura popular nem sempre com o merecido reconhecimento.
Durante essas muitas rodas de cada mês, o Bule já exaltou figuras importantes da nossa história, como: Ataulfo Alves, Ismael Silva, Batatinha, Nelson Cavaquinho, Candeia, Adoniran Barbosa, João Nogueira além de ter recebido nomes do samba como Edil Pacheco, Osvaldinho da Cuíca, Waldir 59, Murilão da Boca do Mato... uma série de nomes e de diferentes estados, o que mostra a sua preocupação em valorizar a cultura nacional, sem regionalismos.
Tradicionalmente, um bom samba é acompanhado pelos seus bebericos. Com o tempo, o Bule prateado ganhou sentido ao carregar a bebida que traz à pessoa que dele bebe uma sensação diferente, influenciando o seu estado de espírito.
O Samba não se trata apenas de um estilo musical, uma forma de ver o mundo e a vida. A comunhão, a união de sambistas e compositores em torno do Bule não é mero acaso, é sim fruto de alianças como nossos ancestrais nos ensinaram. Geralmente dezenas de batuqueiros, cantadores e centenas de foliões nos dão a honra de compartilhar momentos únicos de trocas incessantes e aprendizados.
ZIZA VIVE!